Waldir Calmon

Críticas

Waldir nos anos 80
Viagem  
Waldir nos anos 80, tocando na Churrascaria Roda-Viva (Urca, RJ). A música é Viagem (João de Aquino - Paulo César Pinheiro) e está no último disco de Waldir: Feito Para Dançar (Copacabana Discos, 1980)

Abaixo, a opinião de alguns críticos e jornalistas famosos sobre o trabalho de Waldir Calmon.
Lúcio Rangel (jornalista que lutou arduamente pela MPB) - "Waldir Calmon é um executante de bom gosto. Sabe escolher o que interpreta e interpreta com felicidade o que escolhe. (...)
(contracapa do LP Uma Noite no Arpége 1, em 1956)
 
Sérgio Porto (jornalista, escritor, autor de teatro e TV, humorista, compositor do Samba do Crioulo Doido e também conhecido como Stanislaw Ponte Preta) - "Em Waldir Calmon, a par de sua impressionante técnica e do seu inevitável virtuosismo, o que mais impressiona é a versatilidade, a capacidade que tem de se adaptar a todos os ritmos dançantes - nacionais ou estrangeiros. Waldir é tão verdadeiro num mambo, numa guaracha ou num fox-trot.  É, portanto, o pianista ideal para conjuntos dançantes de boates, onde é preciso contentar o gosto variado de centenas de bailarinos."
(contracapa do LP Uma Noite no Arpége 1, em 1956)
 
Fernando Lobo (compositor e produtor de shows) - "Dificilmente um empresário pode medir o êxito de um artista. Essa coisa chamada êxito depende de uma infinidade de fatores em que não se incluem a grande onda feita em torno de qualquer assunto para provocar sucesso. Tudo depende de uma nova maneira de receber o público, de um instante psicológico dos que decidem e evidenciam a presença do êxito. O segredo está, muitas vezes - não na publicidade maciça e exagerada, nem no trabalho constante dos Relações Públicas - mais e sempre nos dedos de um pianista, na cabeça de um compositor, na alma de um cantor. (...) Se há algum mistério para um artista obter êxito seguro, sem dúvida, ele foi desvendado por Waldir Calmon."
(contracapa do LP Feito Para Dançar 6, em 1957)
 
Claribalte Passos (crítico de música) - "(...) Waldir Calmon, talentoso pianista, conquistou um lugar definitivo entre os nossos melhores instrumentistas do gênero dançante. Faz alarde da pureza da execução musical, sublinhando magnificamente os desenhos sonoros no fraseado expressivo de cada melodia. Como que, em uma nova execução, ele procura envolver o dançarino através de uma roupagem sempre expressiva. Sobretudo na mão direita, Waldir tira excelente partido de sua destreza e entusiasma o ouvinte através de surpreendentes rasgos de técnica e dinâmica pianística. (...)".
(Jornal Correio da Manhã, em 14 de abril de 1957)

Denis Brean (jornalista) - "(...) exibindo-se como pianista e solista de órgão que, dominando amplamente seus instrumentos, sabe oferecer a música que o grande público aprecia, seja no repertório de música brasileira ou internacional. (...)"
(A Gazeta Esportiva, em 29 de março de 1960)

Mister Eco (crítico de música) - "(...) A música de Waldir Calmon e o repertório sempre bem cuidado não são dirigidos a esta ou àquela classe. Atinge a todos, indistintamente: o frequentador de boates, os bailarinos das domingueiras clubísticas, os convidados de festinhas caseiras... Há uma certa magia na música contagiante de Waldir Calmon. Porque irresistível. Porque agradável. Convite a momentos de ternura, prazer, encantamento, satisfação íntima e predisposição para as conquistas da vida. (...)"
(contracapa do LP O Espetáculo Continua, em 1963)

Artur da Távola (jornalista, escritor e ex-senador da república que, depois de exilado no Chile, adotou esse pseudônimo para poder escrever no Brasil) - "A morte de Waldir Calmon traz-me à reflexão a complexidade da luta do músico brasileiro e a rapidez com que o mercado muda suas regras  (...) . Bom músico que era, Waldir Calmon continuou com seu piano e seus vários conjuntos. Sempre teve mercado de trabalho e aplauso, porém o sucesso de mercado, as paradas, as pesquisas, o nome no rádio desapareceram de sua vida. Possivelmente, o jovem de hoje nem saiba quem era aquele músico de que tanto se falou no domingo passado - dia em que morreu. Mas, as gerações que dançaram ao som de seu piano, rostinho colado, sentiram a morte do músico, pois ele estava ligado a vivências românticas de sua juventude e ao tipo de sucesso de mercado compatível com a época. O som de seu solovox e de seu piano nítido e ritmado ainda perdura nos ouvidos desta geração. (...)"
(revista Amiga número 623, semana de 28 de abril de 1982, por ocasião da morte de Waldir Calmon)

Artur da Távola  - "Há dezoito anos, Waldir Calmon (ao som de quem tanto dançamos, nós, maiores de 50...) partiu para o Reino dos Esplendores, em 11 de abril. Waldir Calmon é o exemplo de um músico de boa qualidade que, num certo período de sua vida, conheceu o tão almejado sucesso de mercado. Os discos vendiam, ele estava no circuito comercial das gravadoras, casas noturnas, shows... Foi um dos primeiros a utilizar a tecnologia então nascente (o solovox, espécie de teclado que inaugurou a era eletrônica do piano) e foi, logo depois, sepultado pela avalanche tecnológica que gerou guitarras, teclados e sintetizadores (...)"
(Jornal O Dia, caderno O Dia D, pág. 3, em 11 de abril de 2000, terça-feira)